20/04/2022
Através da ultrassonografia pode-se avaliar e monitorar o endométrio com bastante segurança, notadamente quando se utiliza a via transvaginal, abordagem que propicia melhor resolução de imagem e maior exatidão nas medidas de sua espessura.
Porém, a ultrassonografia, por ser um método que avalia a anatomia macroscópica, pode não fazer distinção entre os vários tipos possíveis de espessamento do endométrio.
Neste ponto, deve-se ressaltar a grande importância da sintomatologia da paciente, assim como os achados clínicos, associando-os à ultrassonografia, que juntos, irão sugerir o possível diagnóstico.
A imagem ultrassonográfica de um espessamento endometrial é inespecífica, isto é, pode corresponder a vários diagnósticos diferentes ou, inversamente, vários diagnósticos completamente diferentes, geram imagens ultrassonográficas semelhantes.
Deve-se então enumerar as várias possibilidades quando se estiver diante de um espessamento endometrial diagnosticado pela ultrassonografia:
1) Período pré-menstrual: fisiologicamente, o endométrio vai aumentando de espessura na segunda fase do ciclo menstrual (fase secretora) até a menstruação e pode ser confundido com alguma patologia endometrial.
2) Gestação inicial ou incipiente: se a ovulação ocorreu normalmente por volta do 14º dia (meio do ciclo) e houve fecundação, o endométrio estará fisiologicamente espessado no final do ciclo e também pode ser confundido com patologias endometriais.
3) Restos ovulares: se uma paciente grávida de primeiro trimestre apresenta hemorragia, uma das possibilidades é a ocorrência de abortamento incompleto, sobrando restos ovulares na cavidade uterina, que irão produzir a imagem ultrassonográfica sugestiva de espessamento grosseiro do endométrio.
4) Endometrite: a infecção endometrial produz espessamento endometrial grosseiro, indistinguível também de outras patologias, se não se levar em conta os sinais clínicos.
5) Polipose: dependendo do número e da quantidade de pequenos pólipos endometriais agrupados, pode-se ter uma imagem ultrassonográfica de espessamento endometrial. Polipose endometrial pode levar a sangramento anormal.
6) Hiperplasia: pode ocorrer em pacientes com distúrbios hormonais ou ainda em pacientes sob terapia de reposição hormonal (estrogênica) sem oposição, em pacientes na pós-menopausa. A hiperplasia pode levar a sangramento anormal.
7) Carcinoma: espessamento endometrial grosseiro associado ou não a hemorragias. Ocorre mais frequentemente em pacientes no período pós-menopausa.
8) Tamoxifeno: espessamento endometrial semelhante ao descrito para hiperplasia, polipose e carcinoma, portanto também inespecífico ultrassonograficamente.
Concluindo, a ultrassonografia transvaginal pode ajudar muito na avaliação endometrial, detectando os espessamentos, podendo funcionar em muitos casos, como um método de screening. Porém deve-se conhecer as limitações do método quanto ao diagnóstico definitivo, que deverá ser sempre sugerido, juntando-se a sintomatologia da paciente e os achados clínicos. O diagnóstico definitivo somente pode ser firmado pelo estudo histopatológico do endométrio.
Endométrio – Algumas Orientações Importantes
O carcinoma de endométrio é a doença ginecológica maligna mais comum.
De 75 a 85% dos casos ocorrem após os 50 anos, na pós-menopausa.
A ultrassonografia transvaginal é importante nestes casos, porque pode avaliar com precisão a espessura endometrial.
O endométrio na pós-menopausa é atrófico, usualmente fino, geralmente uma linha ecogênica e não deve ultrapassar 6 mm de espessura.
Portanto, medidas acima de 6 mm são suspeitas de malignidade em mulheres assintomáticas.
Situações em que há aumento da espessura endometrial:
• Carcinoma endometrial
• Uso de hormônios estrogênicos.
• Hiperplasia endometrial.
• Polipose endometrial.
Os sintomas da paciente, como sangramento ou não e história de uso de hormônios são importantes na avaliação do endométrio na pós-menopausa.
Às vezes, o primeiro sinal de carcinoma em uma mulher na pós-menopausa é o sangramento vaginal.
Uso de Hormônios: os hormônios estrogênicos são prescritos às mulheres, nos períodos do climatério, pré-menopausa e pós-menopausa, para aliviar os sintomas da menopausa e prevenir fraturas por osteoporose.
Hoje, cerca de 30% de mulheres na pós-menopausa usam estrogênios.
A dosagem inicial prescrita usualmente é de 0,625 mg/dia, via oral ou ainda via transdérmica.
Se a mulher é histerectomizada, somente se prescreve o estrogênio.
Se a mulher tem o útero, é prescrita também a progesterona para diminuir o risco de câncer endometrial, pois o estrogênio sozinho pode induzir a um aumento da espessura endometrial e aumento dos riscos para carcinoma, hiperplasia e polipose.
Nas mulheres com espessamento endometrial sob terapia hormonal, a suspensão da administração do estrogênio deve levar a uma diminuição da espessura. Se isto não ocorrer, elas devem se submeter à biópsia endometrial ou à curetagem.
Cremes vaginais com estrogênios podem ser absorvidos e também tem sido associados a eventuais espessamentos endometriais.
A aparência ultrassonográfica é de espessamento de aspecto hiperecogênico.
Uso de Tamoxifeno: terapia adjuvante em mulheres que tem ou tiveram câncer de mama, além de terapia profilática em mulheres com risco hereditário para câncer de mama.
A aparência ultrassonográfica é de um espessamento endometrial grosseiro e que pode apresentar pequenas imagens císticas.
Avaliação Ultrassonográfica
Espessuras endometriais na pós-menopausa:
Normal: até 6 mm.
Normal sob terapia hormonal: de 8 a 10 mm.
Pacientes com medidas de espessura endometrial acima destas mencionadas, devem ser submetidas à avaliação endometrial.
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